top of page

Sou muito ansiosa, como a terapia pode me ajudar?

  • Foto do escritor: Vanusa  Barreto
    Vanusa Barreto
  • 16 de jul. de 2024
  • 6 min de leitura

Atualizado: 7 de mar.

Tratamento da ansiedade
Tratamento da ansiedade

Entenda melhor sobre como o excesso de ansiedade pode prejudicar sua saúde mental e como o psicólogo trata a ansiedade, utilizando a TCC – Terapia Cognitivo Comportamental que é reconhecida como o melhor tipo de terapia para o tratamento da ansiedade.


Nesse texto não pretendo oferecer dicas sobre como lidar com a ansiedade, como inúmeros conteúdos disponíveis na internet, mas conduzir você através de informações importantes sobre os impactos da ansiedade em sua vida e acerca das particularidades na condução do tratamento em psicoterapia, que tem demonstrado ser um dos métodos mais eficazes para tratar e prevenir crises de ansiedade.


O Dr. Márcio Bernik  (Psiquiatra coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), em entrevista ao Jornal da USP, alertou que “o transtorno de ansiedade patológica, se não for tratado, pode gerar doenças como a depressão, entre outros transtornos mentais”.


Podemos compreender a partir da fala do Dr. Márcio Bernik, que crises de ansiedade podem ser apenas a ponta do iceberg para o surgimento de outros transtornos mentais.


Vamos entender melhor como isso acontece, abordando os seguintes tópicos :

- Como a ansiedade funciona e como episódios ansiogênicos podem levar ao desencadeamento de outros transtornos mentais.

- De que forma é realizado o tratamento da ansiedade através da psicoterapia tendo como pilar a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental.


Começaremos então compreendendo o motivo pela qual algumas pessoas dizem que devido as crises de ansiedade, desenvolvem “o medo de sentir medo”. Como assim?


A ansiedade não é um inimigo a ser vencido, ela tem a função de proteger o organismo, por isso em situações de perigo aciona um alerta que prepara o corpo para lutar ou fugir, ou seja, para ter uma reação imediata. Nesse momento não podemos perder tempo pensando sobre a melhor ação a ser tomada, apenas temos que reagir para nos mantermos vivos.


 A “falha” que ocorre nesse mecanismo nos dias de hoje é que no caso de uma crise de ansiedade, por vezes, não há um perigo real, mas apenas possíveis perigos criados pela mente. O nosso cérebro não diferencia com exatidão se estamos em risco de fato, como por exemplo, quando estamos sendo ameaçados com uma arma de fogo ou se estamos vivenciando um estado de ansiedade extrema, devido a conteúdos internos produzidos pela nossa própria mente, por isso o sistema de alerta é ativado em ambas as situações.


A ativação desse “alerta de perigo” provoca os já conhecidos sintomas:


● Palidez

● Frio nas mãos e nos pés

● Dormências ou formigamentos

● Respiração acelerada e profunda

● Sensação de falta de ar, sufocamento e/ou de engasgar-se

● Pressão ou dores no peito



Medo de ficar ansiosa novamente
Medo de ficar ansiosa novamente

Esses sintomas e outras sensações provocados pela ansiedade, podem variar de pessoa para pessoa.

O medo de sentir tudo isso novamente leva a pessoa a desenvolver o tal “medo de sentir medo”.

É esse desencadeamento de sensações físicas e emocionais que leva a ansiedade a uma espiral crescente.


Imagine agora que você tenha tido esse sistema de alerta ativado inúmeras vezes, em um curto período, isso consequentemente gerará uma condição de exaustão, uma vez que seu organismo estará em “estado de ansiedade” constantemente, pois quanto mais curto forem os intervalos entre as crises, menos tempo o corpo terá para se recuperar.


Em consequência a esse estado, você poderá desenvolver algumas dificuldades:


→ Não conseguir se concentrar.

→ Ficar com o pensamento acelerado e/ou confuso.

→ Ter a sensação de falta de controle e estranheza sobre si mesmo.

→ Sentir-se angustiado e/ou triste.

→ Sofre crises de choro sem motivo aparente.

→ Ficar irritado com mais facilidade e consequentemente impaciente.

→ Se isolar para evitar sair e se expor a possíveis situações que causem ansiedade.


Todas essas dificuldades ocasionam prejuízos no dia a dia, tanto na vida profissional quanto na pessoal, que sem o devido tratamento, tendem a aumentar ao longo do tempo.


Portanto esse estado de ansiedade contínuo, assim como todo o desgaste provocado pelos sintomas e os danos causados a vida cotidiana, podem tanto piorar gradativamente o quadro ansioso como levar por consequência ao  desenvolvimento de outros transtornos mentais mais graves como previu o  Dr. Márcio Bernik.


O psiquiatra também lembrou que "Não dá para fingir que o problema não existe. Não dá para imaginar que a pessoa vai resolver sozinha", diz o médico.

Não há remissão espontânea da ansiedade e da depressão, caso a pessoa não procure tratamento, ela não vai melhorar. "Não é falta de coragem moral da pessoa, não é uma fraqueza de caráter", ele explica.


Agora vamos entender melhor como a psicoterapia embasada na TCC Terapia Cognitivo Comportamental, trata a ansiedade.


Para maior compreensão sobre o manejo terapêutico nessa abordagem,  utilizarei como referência a seguinte tríade: conhecimento, vivência e atitude.


Conhecimento – é o ponto em que se estabelece a sintonia entre a terapeuta e o cliente, através da formação de uma relação receptiva e segura. Estarei de forma acolhedora disponibilizando a você uma escuta ativa, proporcionando um momento único de cuidado e de construção de um vínculo seguro.


Nesse primeiro momento realizarei esclarecimentos sobre o mecanismo da ansiedade, para que juntos possamos identificar os possíveis “gatilhos” geradores de ansiedade, ou seja, entenderemos melhor como a ansiedade funciona precisamente em você.


Sendo assim, não há um protocolo a ser seguido igual para todas as pessoas, mas um tratamento singular, que considera como você funciona e como a ansiedade lhe afeta.

A sua participação é ativa em todo o processo terapêutico, por isso  juntos traçamos a rota do tratamento, considerando suas principais dificuldades no momento presente, tendo como norteador a sua história de vida e suas possibilidades para o futuro.


Vivência – neste ponto são realizadas intervenções através de técnicas de manejo da ansiedade, como por exemplo: o uso da respiração, relaxamento, elaboração do diálogo interno, mindfulness (atenção plena) entre outros.


Aqui também são utilizadas ferramentas terapêuticas como:


Questionários - que auxiliam no entendimento de questões que podem não vir através da fala, esses instrumentos têm como objetivo proporcionar descobertas que levam ao autoconhecimento.

Tarefa terapêutica - são atividades complementares realizadas fora da sessão e que servem de orientação em relação aos temas tratados, assim como trazem esclarecimentos sobre as demandas a serem trabalhadas.

Sugestão de conteúdos terapêuticos adicionais – são leituras, vídeos entre outros que tem como finalidade ampliar o seu nível de consciência sobre as temáticas trabalhadas nas sessões.


Essas ferramentas proporcionam uma vivência terapêutica para além das sessões, reforçando o seu “estar em terapia”.

Assim você irá através da sua experiência em terapia, construir os recursos psicológicos e emocionais necessários para o controle da ansiedade.


Atitude – aqui ocorre a junção do conhecimento com a vivência. Você passa a ter uma nova atitude frente aos momentos de maior ansiedade, pois colocará em prática em seu cotidiano os recursos desenvolvidos ao longo do processo terapêutico.


A partir daqui você se torna atuante diante da ansiedade, compreendendo que não tem mais um inimigo a ser vencido, mas que está ocorrendo apenas a ativação de um mecanismo de sobrevivência, e que principalmente você pode ter controle sobre isso, manejando seus estados de ansiedade.



Controlando a ansiedade
Controlando a ansiedade

Como resultado você desenvolverá:


→ Maior autocontrole.

→ Manejo emocional adequado.

→ Autoconfiança.

→ Aceitação do medo.


E sobretudo uma ansiedade funcional, que mesmo estando ansiosa, você terá condições de manter o controle sobre si mesmo.




Para finalizarmos é importante ressaltar que a psicoterapia tem demonstrado excelentes resultados no tratamento da ansiedade, mas que em alguns casos mais graves pode ser necessário a avaliação de um psiquiatra, para que haja um trabalho em conjunto. A medicação prescrita pelo médico terá uma ação direta na redução dos sintomas e a terapia irá promover a construção dos recursos necessários para lidar com a ansiedade de forma saudável. Ao longo do tratamento poderá ser avaliado pelo psiquiatra a retirada da medicação, tendo seu devido acompanhamento.


Se a sua jornada for realizada através da psicoterapia,  ela não será solitária, pois juntos iremos estruturar cada passo da terapia que melhor atenderá as suas necessidades, realizando os devidos ajustes ao longo do processo quando necessário.

 

Vamos juntos cuidar dessa ansiedade?







Referências:

Jornal da USP no Ar - Casos de ansiedade não tratados podem tornar-se problemas de saúde mental mais graves - Apresentação de Roxane Ré - 21/03/2023 - Disponível: https://jornal.usp.br/radio-usp/casos-de-ansiedade-nao-tratados-podem-tornar-se-problemas-de-saude-mental-mais-graves/



Vencendo o Pânico: Instruções passo a passo para quem sofre de ataques de pânico - Bernard Rangé -  Instituto de Psicologia UFRJ.  Disponível: https://www.ava-edu.net/biblioteca/wp-content/uploads/2020/08/Vencendo-o-P%C3%A2nico_Bernard-Rang%C3%A9.pdf






bottom of page